Howdy!

O termo literatura de pulp, polpa em inglês,  surgiu como um nome carinhoso ao tipo de papel onde eram impressas as histórias lançadas neste formato, que começou em 1896 e foi até a metade do século XX. O papel era extraído da polpa da madeira e custava mais barato às editoras. O livro ou revista sempre saía amarelado, e as editoras faziam pouco caso dos livros e revistas pulp, cortando mal os papéis e as vezes até mesmo cortando palavras ou passagens dos textos. As histórias desses livros davam ênfase a narrativas de detetives e histórias situadas em outros planetas, onde o desenho da capa do livro era de vital importância para o desenvolvimento visual da narrativa.

As histórias eram sempre carregadas de romance, ação, donzelas em perigo, heróis de moral inquestionável e narrativas de origem sobrenatural ou alienígena. Heróis como o Fantasma e o mago Mandrake, ambos criados por Lee Falk foram inspirados pela ideologia pulp e suas histórias românticas de heroísmo deliciosamente exagerado. Mas, sem dúvida nenhuma, a mãe de todas as histórias da literatura pulp é o livro Uma Princesa de Marte, e seu protagonista, John Carter.

Escrito por Edgar Rice Burroughs (criador de Tarzan), publicado pela primeira vez nos EUA em 1917, e no Brasil pela editora Aleph em 2010, Uma Princesa de Marte narra a história do ex-confederado John Carter, que após a Guerra Civil americana, decidiu acumular fortuna tornando-se um minerador em procura de ouro. Quando Carter encontra uma estranha caverna, seu corpo sofre uma projeção astral e inexplicavelmente vai parar em Marte, onde a gravidade permite que dê saltos incríveis.

Aos poucos, John Carter vai conhecendo o povo de Marte (o planeta é chamado de Barsoom por seus habitantes e logo por Carter também) e seus costumes, seu idioma, suas intrigas políticas e suas paisagens. O ponto de partida da ação é quando Carter se apaixona pela princesa marciana Dejah Thoris, uma típica donzela em perigo por quem ele lutará inúmeras batalhas, irá declarar seu amor por ela inúmeras vezes, vencerá vários obstáculos, e mudará o curso da vida de Marte para sempre.

O livro contém uma interessante introdução ficcional do autor, onde revela que o manuscrito de Uma Princesa de Marte lhe foi entregue por John Carter em pessoa, e não permitindo sua publicação por 21 anos após sua morte. E depois dessa introdução, somos guiados pela ágil história como se o próprio John Carter estivesse sentado ao lado do leitor, contando sua incrível história em Marte. Ou melhor, Barsoom.

A leitura é prazerosa e divertida, e Burroughs não deixa cair o ritmo da ação, narrando sequencias de batalhas extremamente empolgantes que fariam Star Wars parecer um filme de fundo de quintal. Temos aqui uma aventura bem romântica, com duelos entre os barsoomianos verdes e vermelhos, lutas em arenas, batalhas sangrentas de exércitos de 150 mil barsoomianos, tudo isso pontuado pelos personagens exóticos e apaixonantes do livro, com nomes bizarros como Tars Tarkas, Sola, Woola, Tal Hajus, Kantos Kan, adicionando mais elementos aventurescos ao livro. E este é reconhecido por inúmeros grandes nomes da sci-fi como sendo a obra que lhes inspirou a começar a escrever, incluindo Ray Bradbury, Arthur C. Clarke, Robert Heinlein e Carl Sagan.

A Pixar fará a sua estreia em cinema live-action adaptando justamente Uma Princesa de Marte para estrear nos cinemas em 8 de junho de 2012. Lá fora, o filme se chama John Carter of Mars e terá direção de Andrew Adamson (de Shrek e As Crônicas de Nárnia) e contará com Taylor Kitsch e Lynn Collins nos papéis principais, além de nomes de peso como Willem Dafoe, James Purefoy, Mark Strong, Dominic West e Samantha Morton. A Pixar escolheu bem em adaptar este livro, pois o visual dele é muito forte e fica bem fácil imaginar uma empresa como ela lidando com os cenários grandiosos que Uma Princesa de Marte terá.

Uma Princesa de Marte vale a leitura pelo seu sabor de aventura de matinê de sábado. Edgar Rice Burroughs criou uma história atemporal, que sobreviveu, e que a cada ano ganha novos fãs querendo se aventurar nas planícies vermelhas de Marte. Ou se preferir, Barsoom. Nota máxima!

GuValente quer derrotar o vilão, salvar o mundo, e ficar com a garota no final da história. E ficar podre de rico durante o caminho.