Quando alguém cita a palavra Batman, a primeira HQ que me veem a mente é O Cavaleiro das Trevas. Sua narração detalhista e os traços firmes de Frank Miller deixaram o morcego com uma história mais do que realista, uma história a ser seguida por todos. Mas e quando a insanidade atinge o outro lado e nos deparamos com o Coringa? O que pensar dele? Ele é mesmo um lunático ou apenas é mal entendido pela sociedade de Gotham?
No último Natal, quando abri o presente da Kell, me deparei com um sorriso vermelho, dentes amarelos e uma pele branca me encarando em uma HQ de capa dura, intitulada Coringa. Já tinha ouvido falar nesta HQ e visto algumas artes conceituais, mas nunca tinha pensado em comprar, e quando tinha em mãos olhei a parte de trás, que dizia: ‘…o Coringa estava sendo liberado do Asilo Arkham’. E meus olhos brilharam.
História – somos apresentados a Jonny Frost e sua (simples) missão: esperar o Palhaço do Crime do lado de fora do asilo. Por alguma razão, os médicos tinham encontrado uma cura para sua doença e decidiram que os dias de sol quadrado não o faziam bem. Jonny é ‘escolhido’ para ir buscá-lo e começar uma vida como capanga do maior vilão dos quadrinhos – pelo menos o mais sem noção. Enquanto isso, o Coringa quer apenas recuperar seu status de criminoso entre o submundo do Gotham e conta com a ajuda de alguns velhos conhecidos do público do morcego para isso.
Com uma equipe de premiados, Coringa é um exemplo de história bem contada associada a mais perfeita arte produzida. Brian Azzarello cuida com carinho do roteiro, mostrando um Palhaço insano, demente e muito parecido com o mesmo de Heath Ledger, no filme The Dark Knight. Lee Bermejo ultrapassa os limites criando pinturas ao invés de quadrinhos, me lembrando muito Alex Ross, dando ao roteiro um realismo incrível, assim como os altos níveis de nanquim preto para fazer os detalhes. Sem contar a ótima tradução de Fabiano Denardin e Rodrigo Barros (sem aportuguesar nada), com letramentos feitos por Fernando Chakur e Tomás Troppamir – equipe brasileira da Panini Comics.
No fim, podemos dizer que Coringa entra para a seleta lista de histórias do Batman que tentam entender seu universo. Piada Mortal é o grande clássico sobre o Palhaço, mas Coringa é uma das veias principais para a mente doentia dele. Falando em doença, a HQ revela, nas últimas páginas, qual a cura para o vilão, em uma história onde o protagonista é um homem comum, que também estava atrás de seu ego pessoal: Jonny Frost.
Leo Luz quer descobrir do que é feito o Padrão.