“Eu já tenho seu temor. Agora, vou conquistar seu respeito.”
Sempre que pensamos em um Orc, lembramos das criaturas horríveis que a sequencia de filmes Senhor dos Anéis nos mostrou como os Uruk-hai – detentores neutros que se vendiam por ouro de um velho rei ou de um governante, e sempre retratados como aliados ao mal. Mas nunca paramos para analisar como seria a vida deles em sua própria sociedade. É com isso em mente que o respeitado autor Stan Nicholls escreveu a trilogia Orcs, e seu primeiro exemplar saiu este ano pela Panini Books.
Com sucesso crescente, Orcs – Guardiões do Relâmpago vendeu mais de um milhão de cópias por todo o mundo, incluindo Inglaterra, Estados Unidos, Holanda, China, Rússia. E a frase inicial deste post, foi o que mais me chamou atenção para começar a ler, até porque existe uma saturação de heróis bonzinhos e que sempre resgatam a vítima. E depois deste primeiro final do livro, tenho a certeza que terei a trilogia na prateleira de casa. Um aviso aos navegantes, Guardiões não é uma história fechada, está mais para um digno começo de enredo, que eu espero (e muito) não reclamar do final da trilogia – que me lembrou em muito Senhor dos Anéis novamente. Temos todo um arco de história, um ambiente desenvolvido, mas ao longo do livro percebemos que muito ainda está por vir, até porque muitas respostas ficaram pelas páginas.
História: Saídos do terror da ficção medieval antiga para serem os protagonistas de uma conspiração universal, o grupo de guerreiros ‘search&destroy’ mais conhecidos como Lobos Cinzentos – liderados pelo capitão Stryke – está em uma misteriosa missão para sua rainha Jennesta: resgatar um cilindro de cor cobre e de símbolos rúnicos estampados, que ninguém sabe de onde veio e nem para que serve (quando sabemos se transforma no clímax do livro!). Como se não bastasse, a parte sul do mundo em que vivem, Maras-Dantia, está sendo dominada pelas raças brancas, também conhecidos como Humanos, que baseados na religião católica, partem por Maras combatendo as ‘forças malignas’ em uma espécie de Cruzada. Ao norte do continente, a Grande Geleira está invadindo o mundo, trazendo a todos uma época mortal sem precedentes.
Aos poucos, vamos descobrindo o que representa o tal artefato para a Rainha Jennesta, que importânca tem ele no mundo em que os Orcs vivem, e porque as guerras entre tribos de raças estão acontecendo. No meio de tudo isso, um personagem em especial me chamou a atenção: um xamã goblin. Ele é o ponto-chave da história, o elo que representa o pequeno fragmento de história do começo do livro para a continuação até seu final. Com poucas palavras e uma grande explicação, somos jogados para o mundo criado por Stan, caímos de cabeça e a partir daí não tem mais volta.
O que mais me surpreendeu neste livro foi em pensar como um Orc e não como um ser-humano comum. Acompanhar a jornada de Stryke e sua equipe de guerra por Maras-Dantia é fantástico, até porque em Orcs, eles não são aliados do mal, mas matam humanos assim como conhecemos nas histórias. O diferencial é que neste livro há várias respostas para isso, não é pura e simples diversão.
E quando pensamos que a jornada principal está sendo cumprida, recebemos um golpe de mestre (com o perdão do trocadilho!) que mostra a verdadeira intenção do livro: “restaurar a paz há muito tempo perdida e salvar seu povo dos asquerosos humanos” – relaxem que isso está descrito na contra-capa do livro, então sem spoilers. ;D
Infelizmente, apenas Guardiões do Relâmpago saiu no Brasil até o momento deste post, mas espero que a Panini Books continue a trilogia de Stan Nicholls. Seria uma pena disperdiçar uma ótima e fantástica história assim, até porque é raro inverter o papel e enfrentar humanos, pois ‘as lanças dos Lobos Cinzentos os espetarão como porcos nojentos. E mais ricos e mais gordos os orcs terão boa sorte!’ [trecho retirado da canção de marcha tradicional dos bandos de guerra]. Nota 9 para o começo fantástico, veremos até quando!
Leo Luz prefere enfrentar um Orc armado do que 10 kobols sujos.