Escrever sobre histórias em quadrinhos nunca é tão fácil quanto parece. Até porque, assim como cada pessoa assiste um filme e tem sua versão do fato, nos quadrinhos acontece da mesma forma, a única diferença é que a opinião da pessoa é muito mais expressiva. Quando vi na redação do jornal, um pequeno livro – sim, ele tem 32 páginas -, praticamente quadrado, de uma cor amarela chamativa escrito apenas: Carol, com o nome de Laerte em cima do título, meus olhos brilharam e eu me disse: ‘tem um potencial neste livro’.
Laerte é um dos poucos quadrinhistas brasileiros que paro de fazer qualquer coisa para ler suas histórias, contada de um modo peculiar que deixa você ao mesmo tempo pensativo e brincando com a imaginação. O autor já passou por diversos jornais e revistas do Brasil, sempre com seu traço modesto e sua cores vibrantes, lançando clássicos como Pirata do Tietê – sim, O rio Tietê -, e Chiclete com Banana. Outras histórias famosas também povoam as pessoas, mas de grande importância foram as criadas em conjuntos dos amigos e parceiros Angeli, Adão e Glauco. Este último morto em março deste ano por um maluco em São Paulo.
História – Carol conta a vida de uma garota de 10 anos de idade, de uma imaginação fértil e produtiva que não liga para muita coisa a não ser brincar e se divertir independente da situação. Até mesmo desenhar no rolo de papel higiênico enquanto faz seus números 1 e 2. Com esse humor infantil e ‘sem jeito’, Laerte nos pega de surpresa quando fala de democracia ou história por meio de uma personagem de sorriso no rosto e sua tranças bem feitas, como se ele mesmo estivese educando a pequena ‘filha’.
Me encantei pelo livro/revista porque são nas pequenas coisas que existem os melhores tesouros. Não é um Batman denso que você captura quando lê A Piada Mortal, mas a situação que o fez estar ali. Em Carol acontece da mesma forma. O que uma garota tem a ensinar para as pessoas? Que a vida que ela leva não é tão diferente da nossa, a diferença está em como você olha para esse mundo. Um bicicleta foi feita para rodar o mundo, mas porquê não elas tem pernas ao invés de rodas? É com esse jeitão de Calvin e Haroldo (Calvin & Hobbes para os céticos :P) que vemos o mundo diferente, ou como gostaríamos de ver, mas não assumimos isso.
Carol, Calvin, Hobbes. Todos eles me fazem sorrir quando leio suas histórias, suas aventuras, seus jeitos de verem o mundo. Talvez falte um pouco mais de amarelo berrante, de imaginação fértil e de contos simples para vermos o mundo de forma melhor. Sem esquecer dos problemas que ele nos dá. Nota máxima para Carol.
Leo Luz sempre quis um tigre falante, cartas mágicas e um robô.