Howdy!

Na última sexta feira fui conferir um dos filmes que eu estava mais ansioso pra ver em 2010. Trata-se de O Lobisomem, um filme com uma produção bastante demorada e atribulada. Era pra ter saído em 2007, mas depois de troca de diretor, cenas refilmadas, o filme parecia fadado ao fracasso.

E qual a minha surpresa ao ver que o filme não só é coeso, como também é uma obra de terror sólida que merece se tornar um clássico do terror moderno?

A trama começa na Inglaterra do século 19, com Larry Talbot (del Toro) voltando para a sua vila e para a casa de seu pai, John (Sir Anthony Hopkins) depois da violenta morte de seu irmão. Porém, a vila é amaldiçoada por um lobisomem, que em mais um de seus acessos de fúria, fere gravemente Talbot. Mas Larry se recupera rapidamente e logo as piores suspeitas dele se confirmam: ele é um lobisomem agora e terá que conviver com a sua maldição e com sua sede de sangue.

O filme tem uma atmosfera angustiante e muitas cenas de sustos, que apesar de serem previsíveis ( o velho truque do som mais alto no cinema), jamais soam gratuitos e servem bem à trama, além de serem visões assustadoras. O cineasta Joe Johnston, acostumado a dirigir aventuras infanto- juvenis produzidas por Spielberg (é dele o clássico infantil Querida, Encolhi as Crianças e Pagemaster) mostra bastante versatilidade ao comandar com segurança as cenas de terror durante o filme, com uma boa dose de suspense, e o que mais me supreendeu é que Johnston é corajoso em mostrar a violência e o sangue na medida certa. E que violência! Nas cenas em que o Lobisomem está á solta no meio de várias pessoas, a carnificina é intensa e a câmera de Johnston nunca desvia do gore, mostrando tripas, cabeças arrancadas, corpos sangrentos e cadáveres putrefatos.

Mas apesar disso, O Lobisomem é um filme refinado, com atuações dignas de seus protagonistas. Del Toro encarna um protagonista amargurado de tantas experiências ruins na vida, (ele encontrou sua mãe morta nos jardins de sua mansão, com um corte na garganta), que só quer ficar em paz na casa de sua família. Mas ao encarnar Talbot em sua forma transformada, del Toro se torna um Lobisomem furioso, imponente e assustador. Anthony Hopkins mostra ternura e ao mesmo tempo um ar de estranheza ao seu personagem, e Emily Blunt mostra com realismo toda a fragilidade de uma mulher jogada num mundo de maldições e horrores. E Hugo Weaving sempre formidável com sua voz marcante de Agente Smith, encarnando um típico policial britânico; confiante e presunçoso, mas corajoso e disposto a partir pra briga quando precisa.

Em resumo, O Lobisomem devolve dignidade a um mito maravilhoso, que hoje em dia ficou relegado a rapazes jovens sem camisa que se transformam em raposas gigantes. É um filme sombrio, com ótimo visual, atores de peso, roteiro afiado e interessante, e com violência e gore o suficiente para os fãs de Jogos Mortais ficarem felizes da vida. Não sei se vai fazer sucesso na bilheteria, mas certamente O Lobisomem será um futuro DVD digno do meu suado dinheiro! E tenho dito!

Mencionei que a voz do Lobisomem foi feita pelo baixista do Kiss, Gene Simmons?

GuValente sempre achou lobisomens mais legais do que vampiros.